quarta-feira, 16 de abril de 2008

HIGIENE OCUPACIONAL

HIGIENE OCUPACIONAL

Segundo a Organização Internacional do Trabalho – OIT, a Higiene Ocupacional - HO, também conhecida como Higiene Industrial - HI, é a ciência e a arte dedicada à antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, visando à preservação da saúde e da integridade física dos trabalhadores.

RISCOS AMBIENTAIS
Consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazesde causar danos à saúde do trabalhador.

DOENÇA OCUPACIONAL

Doença adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que é realizado o trabalho e que com ele se relacione diretamente. Os fatores que influenciam as doenças ocupacionais são o tempo de exposição, concentração, intensidade, natureza do risco e sensibilidade individual.

VIAS DE PENETRAÇÃO
• CUTÂNEA
• DIGESTIVA
• RESPIRATÓRIA

BENZENO

O que é Benzeno e sua utilização?

O benzeno é um hidrocarboneto aromático que se apresenta em estado líquido, incolor e estável, à temperatura ambiente e pressão atmosférica normal, com odor característico dos aromáticos. É lipossolúvel, pouco solúvel em água, mas mistura-se bem com a maioria dos solventes orgânicos (álcool, clorofórmio, éter e acetona) .
O benzeno é um solvente orgânico que foi largamente utilizado no processo produtivo no Brasil, até a década passada, tendo alcançado o seu pico de produção industrial no início dos anos 80. A implantação dos polos petroquímicos, principalmente a partir dos anos 70, resultou no aumento substantivo da produção de benzeno de origem petroquímica, originário da síntese dos alcanos do petróleo, provocando diminuição na utilização industrial do benzeno carboquímico, proveniente da cocção do carvão mineral, nas coquerias das siderurgias.
O benzeno hoje em dia é utilizado como matéria-prima dentro da própria indústria petroquímica, na síntese de substâncias químicas básicas que são utilizadas, por sua vez, em vasta quantidade de produtos industriais. O benzeno carboquímico, cuja utilização industrial é cada vez menor, está presente na composição do gás de coqueria, denominado BTX (benzeno, tolueno, xileno) que é utilizado como fonte energética na siderurgia.
No setor sucroalcooleiro, o benzeno é utilizado para a produção do álcool anidro. As destilarias de álcool anidro são responsáveis pelo maior consumo identificável de benzeno, excluindo-se as atividades de síntese acima referidas ( ).
Há a possibilidade de se encontrar benzeno em concentrações acima do permitido por lei em solventes e produtos formulados utilizados em indústrias gráficas, de calçados e couros, de tintas e vernizes, em oficinas mecânicas e serviços de pintura( ).
Finalmente, o benzeno também pode ser encontrado na gasolina automotiva e em outros combustíveis como impureza ou componente de misturas carburantes, ampliando o espectro de exposições ocupacionais e não-ocupacionais.

Qual é a definição de Intoxicação Ocupacional pelo Benzeno?

Como todo quadro clínico de manifestação aguda ou crônica decorrente de exposição ocupacional ao agente, por tempo e dose suficientes, sem proteção adequada, para a caracterização do nexo causal, em conjunto com a constelação de sintomas, sinais e dados laboratoriais compatíveis com a doença.
A intoxicação humana pelo benzeno pode ocorrer por três vias de absorção: respiratória (aspiração por vapores), cutânea e digestiva. A via respiratória é a principal, do ponto de vista toxicológico, sendo retido 46% do benzeno inalado. Uma vez absorvido, quase imediatamente é eliminado, em 50%, pelos pulmões. O benzeno que permanece no corpo, distribui-se por vários tecidos. Na intoxicação aguda, a maior parte é retida no sistema nervoso central, enquanto que na intoxicação crônica permanece na medula óssea (40%), no fígado (43%) e nos tecidos gordurosos (10%). Após sua absorção, parte do benzeno distribuído pelo organismo é metabolizado pelos microssomas do fígado e cerca de 30% é transformado em fenol e em derivados como pirocatecol, hidroquinona e hidroxiquinona, os quais são eliminados pela urina nas primeiras horas até 24 horas após cessada a exposição.
A exposição prolongada ao benzeno provoca diversos efeitos no organismo humano, destacando-se entre eles, a mielotoxidade, a genotoxidade e a sua ação carcinogênica. São conhecidos, ainda, efeitos sobre diversos órgãos como sistema nervoso central, e os sistemas endócrino e imunológico. No entanto, não existem sinais ou sintomas típicos da intoxicação crônica pelo benzeno. O efeito mais grave do benzeno sobre a medula óssea é a sua depressão generalizada que se manifesta como redução de eritrócitos, granulócitos, trombócitos, linfócitos e monócitos. A neutropenia e a leucopenia têm sido os sinais de efeito observados com mais freqüência entre os trabalhadores expostos ao benzeno.
É importante assinalar, ainda, que há relação causal, comprovada, entre a exposição ao benzeno e a ocorrência de leucemia, especialmente a leucemia mielóide aguda e suas variações, entre elas a eritroleucemia e a leucemia mielomonocítica.

ESPAÇO CONFINADO

O que são espaços confinados?


  • São espaços que possuem aberturas de entrada e saídas limitadas;
  • Não possuem ventilação natural;
  • Podem ter pouco ou nenhum oxigênio;
  • Podem conter produtos tóxicos ou inflamáveis;
  • Podem conter outros riscos ao ser humano;
  • Não são feitos para ocupação humana contínua por trabalhadores.


Quais são os riscos que podem existir nos trabalhos em espaços confinados?

  • Falta ou excesso de oxigênio;
  • Incêndio ou explosão, pela presença de vapores e gases inflamáveis;
  • Intoxicações por substâncias químicas;
  • Infecções por agentes biológicos;
  • Afogamentos;
  • Soterramentos;
  • Quedas;
  • Choques elétricos.

Quais as ações de prevenção?

  • Identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas não
    autorizadas;
  • Antecipar e reconhecer os riscos nos espaços confinados;
  • Proceder à avaliação e controle dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e
    mecânicos;
  • Prever a implantação de travas, bloqueios, alívio, lacre e etiquetagem;
  • Implementar medidas necessárias para eliminação ou controle dos riscos atmosféricos
    em espaços confinados;
  • Avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entrada de trabalhadores, para
    verificar se o seu interior é seguro;
  • Manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e durante toda a realização dos
    trabalhos, monitorando, ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço
    confinado;
  • Monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confinados nas áreas onde os
    trabalhadores autorizados estiverem desempenhando as suas tarefas, para verificar se
    as condições de acesso e permanência são seguras;
  • Proibir a ventilação com oxigênio puro;
  • Testar os equipamentos de medição antes de cada utilização;
  • Utilizar equipamento de leitura direta, intrinsecamente seguro, provido de alarme,
    calibrado e protegido contra emissões eletromagnéticas ou interferências de
    radiofreqüência.

PROGRAMA DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

A proteção respiratória é uma das medidas universais de segurança e visa formar uma barreira de proteção ao trabalhador, a fim de reduzir a exposição da pele e das membranas mucosas a agentes de riscos de quaisquer naturezas.
A escolha do tipo de proteção respiratória a ser utilizada deve ser determinada por uma avaliação de risco criteriosa, devendo levar em consideração a natureza do risco, incluindo as propriedades físicas, deficiência de oxigênio, efeitos fisiológicos sobre o organismo, concentração do material de risco ou nível de radioatividade, limites de exposição estabelecidos para os materiais químicos, concentração no meio ambiente; o(s) agente(s) de risco; o tipo de atividade ou ensaio a ser executado; características e limitações de cada tipo de respirador; o nível mínimo de proteção do equipamento (veja tabela a seguir), além de considerar a localização da área de risco em relação às áreas onde haja maior ventilação. Esta decisão deve ser tomada pelo chefe, ou responsável pelo Laboratório ou Departamento.
A legislação brasileira estabelece alguns critérios que devem ser observados pelo empregador, tais como: o estabelecimentos de procedimentos operacionais padrões específicos para a seleção e uso destes equipamentos, procedimentos emergenciais, treinamento do trabalhador/usuário, monitoramento ambiental periódico,dentre outros.

Etapas do Programa de Proteção Respiratória:
  • Treinamento dos usuários de respiradores;
  • Ensaios de vedação e testes de conforto de respiradores;
  • Distribuição dos equipamentos de proteção respiratória;
  • Limpeza, guarda, manutenção e inspeção;
  • Monitoramento do uso de respiradores;
  • Monitoramento do(s) risco(s);
  • Seleção dos respiradores;
  • Política da empresa na área de proteção respiratória.

HISTÓRICO DA HIGIENE E SAÚDE OCUPACIONAL

Histórico de Evolução no Mundo e no Brasil


  • Século IV - Reconhecimento a toxidade do chumbo (Hipocrates).
  • 400 a.c. - Descrição a respeito de mineiros que se utilizavam de membranas de bexiga de carneiro para proteção da inalação de poeiras (Plinius).
  • 1556 - O alemão Georgius Agrícola estudou e descreveu diversos problemas relacionados a extração de prata e ouro e às doenças mais comuns. Fatores de riscos associados ao processo tecnológico.
  • Século VI - Apenas estudos de Paracelsus sobre tocidade dos metais baseados nos trabalhos em fundições e minas da região do Tirol.
  • 1700 - O médico italiano Bernardino Ramazzini, publica um trabalho sistematizado sobre doenças ocupacionais em mais de 50 ocupações.
  • Revolução Industrial - Aumento da complexidade industrial, avanço da tecnologia, modificações nas relações entre o capital e o trabalho. Visão holística dos problemas ligados aos acidentes e doenças ocupacionais. Ampliação do enfrentamento dos problemas através da Medicina e da Engenharia do Trabalho e a criação e desenvolvimento da Higiene Ocupacional para tratamento científico de todas as questões relativas aos riscos.
  • 1919 - Primeira Lei aprovada no Brasil sobre acidentes de trabalho.
  • 1923 - No Brasil foi criada a Inspetoria de Higiene Industrial, junto ao Departamento Nacional de Saúde.
  • 1934 - Foi decretada a Segunda Lei de Acidentes do Trabalho.
  • 1938- Higienistas organizaram a Conferência Americana de Higienistas Industriais do Governo. E no Brasil a Inspetoria foi transformada em Serviço de Higiene do Trabalho.
  • 1942 - O Serviço de Higiene do Trabalho é alterada para Divisão de Higiene e Segurança do Trabalho.
  • 1943 - Primeira Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), incluindo um capítulo sobre Higiene e Segurança do Trabalho.
  • 1948 - As concentrações máximas possíveis passam a ser chamadas de Limites de Tolerância.
  • 1978 - Elaboração dos textos base das Normas Regulamentadoras Nove (Riscos Ambientais) e Quinze (Atividades e Operações Insalubres).

CONCEITOS

ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas: órgão responsável pela normalização técnica no país, fazendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro.

ACGIH
American Conference of Governmental Industrial Hygienists: organização americana com o objetivo de auxiliar a educação básica, voltada para o bem estar do trabalhador, e investir no desenvolvimento e na disseminação do conhecimento técnico para o progresso da saúde.

CAS
Chemical Abstracts Service: referência internacional de substâncias químicas.

CAT
Comunicação de Acidente de Trabalho: notificação obrigatória efetuada, junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS, com o objetivo de registrar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais dos trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis de Trabalho - CLT.

DIESAT
Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho.

DORT
Distúrbios ósteo-musculares relacionados ao trabalho.

FISPQ
Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos.

FUNDACENTRO
Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho.

IPVS
Imediatamente Perigoso a Vida e a Saúde

LER
Lesões por Esforços Repetitivos.

NIOSH
National Institute for Occupational Safety and Health: agência federal norte-americana responsável pela condução de pesquisas para prevenção de doenças e danos relacionados ao trabalho.

NÚMERO ONU
Referência Internacional da Organização das Nações Unidas atribuída às substâncias perigosas e composto por quatro algarismos.

NR
Normas Regulamentadoras.

OSHA
Occupational Safety and Health Administration: organização governamental americana, com a missão de prevenir mortes, doenças e danos relacionados ao trabalho.

PAIR
Perda Auditiva Induzida pelo Ruído.

PCMSO
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional .

PPR
Programa de Proteção Respiratória.

PPRA
Programa de Prevenção de Riscos Ocupacionais .

PPEOB
Programa de Prevenção de Exposição Ocupacional ao Benzeno .

PIACT
Programa Internacional para o Melhoramento das Condições do Meio Ambiente de Trabalho.

SBQ
Sistema Brasileiro de Qualidade.

SESMT
Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho.